Chegamos
ao dia das eleições municipais. A noção de cidade e de democracia deveria
nortear os eleitores (as) nesse momento tão delicado de nossa conjuntura. Só
que infelizmente, muitos ignoram sua condição e até vendem de forma humilhante
o seu voto.
Na
cidade – e para nós de Aracaju – passamos a maior parte de nossas vidas. Nela
sofremos, choramos, lutamos, sorrimos e votamos. Nas eleições municipais todos
esses traços aparecem com força e nosso dever é contribuir com uma participação
altiva e coerente.
O
último debate dos candidatos majoritários em Aracaju foi
pífio e desastroso. Nada de novo surgiu e, pareceu-nos um teatro o engessamento
dos participantes e das perguntas. Não sentimos firmeza. Temas fundamentais
para o povo aracajuano passou distante e alguns ataques pessoais voltaram à
tona manchando a democracia e esnobando da inteligência do (a) eleitor (a).
Temos
a convicção que dessa vez ainda não avançaremos em questões urgentes para a
coletividade. Podemos citar a dimensão ambiental e a problemática dos
transportes. Na primeira, vemos o rio Sergipe poluído e agonizando em
nossa capital. Que vergonha! A população, representada por entidades, igrejas,
sindicatos e grupos ligados ao meio ambiente tem feito muito pouco. Os
gestores: nada! E então, quem vai nos representar nessa luta? Na segunda, estamos à deriva. As
empresas de transporte coletivo mangam da população. As propostas da campanha
precisam de exeqüibilidade e nós, cidadãos e cidadãs temos que cobrar. Sair
desse “anestesiamento social” e de uma inércia profunda que gera corrupção e permite
aos gestores adiar sempre mais as mudanças necessárias. Transporte de qualidade
e, sobretudo, viabilizar conforto e menos poluição ao meio ambiente.
Num
pais como o Brasil, aonde o regime político permite eleição para os municípios
é uma vergonha omitir-se da votação. A democracia representativa é uma condição
de fazer valer nosso voto para prefeitos e vereadores honestos e comprometidos
com o bem comum. O prefeito exerce de forma “macro” o papel de um síndico. Ele
governa e dirige o município para todos e todas; ele nos representa e não deve
ser o dono das verbas e da vida da população. Por isso, deve cair quando
governa mal. E os vereadores (as)? Possuem tarefa complexa. Apresentam projetos
e fiscalizam o executivo. Num regime democrático e representativo como o nosso,
vereador recebe delegação de um coeficiente “X” da população. Não é assistente social para doar coisas e
empregos. Não é um “messias” na
concepção de que deve salvar rebanhos. Cremos que no legislativo nossa escolha
deva ser mais acurada. Eleger um (a) vereador (a) exige critérios éticos e na
nossa cidade todo cuidado é pouco com a ingerência de empresas e grupos
econômicos. A população precisa acordar
para não sofrer depois conseqüências desastrosas como no caso do Plano Diretor.
Democracia
é um exercício delicado e necessário. Representatividade exige consciência e uma
práxis mais comunitária. Votar, eleger, cobrar e mudar de candidato pode ser
uma boa saída, quando a população reconhece seu papel no sistema político. Para
fechar – por hora – a questão, citamos um trecho da Centessimus Annus:
·
“A Igreja encara com simpatia o
sistema da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções
políticas e garante aos governados a possibilidade quer de escolher e controlar
os próprios governantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se
torne oportuno; ela não pode, portanto, favorecer a formação de grupos
restritos de dirigentes, que usurpam o poder do Estado a favor dos seus
interesses particulares ou dos objectivos ideológicos” (n. 46).
Oxalá,
Deus nos permita dias melhores na nossa cidade. Consciência cidadã mais apurada
e tempos melhores para nossos filhos (as), netos e netas.
José
Soares de Jesus
Mestre
em Ciências da Religião –UNICAP/PE
·
João Paulo II, Encíclica
Centessimus Annus, 1991.
Oxalá que os que foram eleitos sejam dignos dos que votaram e não votaram neles.
ResponderExcluir