sábado, 10 de março de 2012

Os Mandamentos da Vida

A proposta que trazemos para reflexão está fundamentada nos dois princípios básicos das leituras do terceiro domingo quaresmal: “interiorizar” os mandamentos e “proteger” a vida, simbolizada no templo.

Vamos mergulhar no primeiro. Os mandamentos estão colocados como caminho de vida e maturidade da fé. Olhando os três primeiros nota-se que a dimensão é “vertical”. A relação entre Deus e o ser humano se acentua. “Não pronunciarás o nome de Iahweh, teu Deus, em prova de falsidade, porque o Senhor não deixa impune aquele que pronuncia o seu nome em favor do erro” (Ex 20, 7). Deus aceita e cultiva nossa liberdade para amá-lo, adorá-lo e senti-lo presente na história pessoal e comunitária de seu povo. Ferir os mandamentos é cultivar a própria morte. O antigo testamento gosta de afirmar que ser “santo” é estar na presença de Iahweh (Lv 11,44). Trata-se de uma condição indispensável para se viver em harmonia.

De fato, o contexto cultural que vivemos é bem diverso daquele vivido pelo povo no Antigo Testamento. Porém uma lógica se impõe: a desobediência a todo tipo de lei e mandamento tornou-se uma regra perigosa e mortal na nossa sociedade. Que pena, perdemos o rumo da vida e da liberdade.

Todo texto do Êxodo 20, 1-17 nos coloca diante de uma escolha. Quando o ser humano se sente acuado diante do sofrimento, da tragédia e de qualquer outra situação inimaginável ele recorre a Deus como se o Senhor estivesse fora dele. Parece que os mandamentos são extrínsecos. Só servem para corrigir o desastre. Até Israel pensou assim durante muito tempo. Não, nada disso, coragem, a lei que nos torna livres e prontos para o bem é intrínseca (Jr 31,33).

O segundo é proteger a Vida. Durante muito tempo imaginamos Jesus como um profeta amoroso e dócil. Ele cura, liberta do demônio e realiza milagres. Só isso denota pouco conhecimento do verdadeiro Messias. Jesus é o defensor da Lei do Amor. Defensor da Vida em todas as suas formas. Para Ele, ofender e oprimir o outro é motivo de fúria e desencanto (Jo 2, 19-21). A religião pregada por Jesus não fica abstrata no Templo e nas estruturas humanas; ela perpassa nossa capacidade míope de enxergar os pecadores de toda sorte. Para nós perdidos, para Ele encontrados. Vida, liberdade, justiça, perdão, solidariedade e misericórdia são os mandamentos de Jesus. Ele vive e os incute no coração dos discípulos (as) de ontem e de hoje (Mt 5,20).

O caminho quaresmal da Igreja é apresentar o mistério de Jesus para que a humanidade se aproxime dele e sinta a força da sua cruz e ressurreição. Por isso, caminhemos, adiante e juntos (as) sintamos que Ele é o “templo” e, nos unidos a Ele cultuamos a verdadeira vida.

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