quarta-feira, 14 de março de 2012

PORQUE FICAR NA CIDADE?

Sábado celebraremos o aniversário da Cidade de Aracaju! O que temos para comemorar?


 
Durante nosso curso ginasial – conhecido como fundamental – aprendemos que a terra gira em torno do sol. Essa teoria precisou de tempo para ser codificada. É as coisas não são fáceis. E se aparecesse agora outra tese, afirmando que o firmamento é composto de estrelas, planetas e uma bola de gesso pintada de azul? O que pensaríamos? Ah, um absurdo. Nem tanto. Prefiro pensar no “pressuposto dialético” que a vida nos ‘impõe’. Ele nos permite trabalhar com idéias e situações antagônicas – mas não absurdas, é claro.



A descoberta da cidade no período moderno gerou grandes expectativas e mudou radicalmente a forma da convivência humana. Grandes alterações sociais trazem consigo problemas e leva o ser humano a criar mecanismos de defesa. Grandes aglomerados urbanos fazem eclodir ‘feridas’ profundas no tecido social. A ‘urbis’ do latim, lugar onde se enterra o umbigo foi e é, o lugar geográfico e poético da vida. Vida livre, alegre, e frenética. Se, apresentamos antes os motivos para sair da cidade, queremos agora, de forma ‘dialética’ mostrar outro viés. É a tentativa de polemizar e criar poeticamente um caminho inverso. Mais esperançoso menos tenso e acolhedor. Então, eis os motivos para ficar na cidade:



*Formação profissional: na cidade as oportunidades são maiores porque o avanço de novas tecnologias acabou criando postos de trabalho mais qualificados. Qualquer função hoje no comércio, na educação, na indústria usa a computação. A corrida pela terceirização, também tem sido fonte de emprego – para o antigo “Estado inçhado” – claro que com suas perdas. Tudo se multiplica na cidade. Ela encanta. O problema reside em não sonhar demais. Ela ajuda a colocar os pés no chão.



*Lazer e cultura: quem nunca foi a um Shopping Center. É um sonho de transcendência. Neles, tudo se compra. Tudo nele é encantador. Quem não se opõe a sua sedução acaba no S.P.C. E o que dizer dos cinemas e salas de Teatro? Da apresentação folclórica dos grupos regionais, do futebol nos domingos à tarde? Estabelecer relações de amizade e de paquera. A cidade ajuda a cultivar romance.



*Encontros e desencontros: nela se dá perdas irreparáveis. Mas nada melhor que o tempo, para curar e trazer de volta o desejo de ficar na cidade.

*O sagrado ‘mora na cidade’: inquieto com tantas interrogações, o homem e a mulher de hoje precisa do reencontro com o sagrado. Ele mora na cidade? Não sei. Talvez ele seja redescoberto nela. Nas suas armadilhas e na luta do excluído. A cidade é também mágica. Ela provoca a saudade do transcendente. Mexe e remexe com as convicções mais abscônditas do ser humano. Ele, o sagrado, não se impõe na cidade, não aceita o sectarismo como forma de engodo. Ele torna a pessoa mais humana e o coração compassivo. Ele sopra, abençoa, ampara e questiona. Ele faz amadurecer o que há de mais legal: o desejo de ser feliz. Viva a cidade.

2 comentários:

  1. Soares,

    A sua reflexão me remete a

    http://www.youtube.com/watch?v=Nm8CdzMDH-s

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  2. O que temos para comemorar?
    Postos de saúde sem médicos, desemprego, fome...
    O que temos para comemorar?
    Povo forte, corajoso, lutador...

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